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Há tanto por dizer...

Desde quando a previsão meteorológica é exata?

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Houve alertas, notícias, publicações e tudo mais. Muito se falou que iria haver uma tempestade chamada de Aitor e que iria afetar o norte e centro de Portugal. Em alguns locais choveu mais, noutros menos. Em alguns locais houve mais vento, noutros menos. Isto é tudo baseado em modelos que são analisados e daí nasce uma previsão. Sim, previsão. "Previsão meteorológica" é o nome dado. Ora, vejamos o sentido disso. Uma previsão pode não ser algo exato, tanto pode acontecer como pode não acontecer... Até pode acontecer e ser pior do que se esperava... As previsões meteorológicas não são 100% certas, o que é normal. Ainda assim, nada impede que no concelho onde vivemos não acontece nada, e no concelho vizinho acontece tudo. Sim, isso é possível. A previsão iria indicar que num determinado concelho o tempo iria estar melhor no que no vizinho? Até pode acontecer, mas lá está, não é exato. Quanto à chuva, as nuvens não têm horário, nem dia e muito menos local. Na mesma cidade pode chover imenso de um lado e do outro não. Onde está a exatidão disso? Não está, logicamente.

Atenção que isto não é uma crítica às previsões, é apenas a constatação de um facto. Não dá para ser 100% certo, é, a meu ver, impossível. Isto é um desabafo apenas de uma pessoa que tem alguma curiosidade por este tema, mas o entendimento não é muito, o suficiente para não pensar idiotices... idiotices essas que me levaram a escrever isto. 

O motivo desta minha publicação tem a ver com uma certa revolta. Não é que inúmeras pessoas acusam quem andou a alertar para esta tempestade de que não entendem nada do assunto, que se previu algo que iria prejudicar muita gente mas que afinal "não veio nada"? Sim, eu li isso "não chegou nada, não veio nada do que disseram... tanto alarme para quê?". Ora, aqui está um belo exemplo. Então sendo a previsão, uma mera previsão, e sendo a meteorologia algo incerto, com que base se pode fazer uma afirmação dessas? Houve estragos sim, houve árvores partidas que provocaram prejuízos, houve inundações sim, pessoas que ficaram com uns bons centímetros de água em casa. Provavelmente naquelas cidades ou localidades das pessoas que fazem essas afirmações não aconteceu nada de alarmante, mas isso não quer dizer que não aconteceu nada noutros locais.

Queriam o quê? Uma previsão e alertas por cidade? Ou melhor, por vilas ou freguesias? Já agora por ruas... É de uma tamanha idiotice afirmar tal coisa que é impossível não se ficar revoltado com isso. Se não avisam nada é porque não avisam, se avisam e não vem, é porque avisaram e não veio nada. Nunca nada está bem. Desde quando a meteorologia é "preto ou branco"? É um dos assuntos em que mais "cinza" há.

Enfim... 

Imagem de cromaconceptovisual por Pixabay

Às vezes só me apetece gritar

Há muito tempo que digo que não tenho paciência, mas a verdade é que acho que nunca a tive porque nunca me lembro de tal coisa. Aqui a questão é que ultimamente tenho visto mais situações que parecem saídas de um filme, série ou até mesmo uma novela, porque são tão ridículas que não podem ser verdade.

Não me quero focar em um só tema, vou englobar tudo, como se costuma dizer "meter tudo no mesmo saco", porque a verdade é essa, irritam todas da mesma forma e já não há a mínima paciência.

Há muita falta de atenção, muita falta de comunicação, muita falta de tudo e mais um pouco. Podem dar-me mil e uma "desculpas" ou "justificações" para que tal aconteça, mas sejamos sinceros, sou a única a notar que isto está cada vez pior? No que toca a falta de atenção e comunicação, a sério que sou a única a queixar-me?

Todos os dias deparo-me com situações em que surgem problemas e, analisando com cuidado, a conclusão é sempre a mesma: ou porque faltou comunicação ou porque a pessoa não deu a devida atenção. Claro que não se prendem apenas nessas duas situações, mas no fundo vai tudo a dar a isso.

Sou só eu que noto que há uns anos, digamos, há uns 10 anos, isto não era assim?

Como diz o título, e bem, às vezes só me apetece gritar. Gritar sozinha, gritar para outras pessoas, apenas gritar, pode ser que alguém ouça. Ou não!

Um conto: Maria - a menina da serra

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Maria era uma menina que vivia longe, a sua casa localizava-se no cimo de uma serra bem alta onde apenas um caminho de terra, sem largura suficiente para um carro passar, chegava até à porta da sua casa. Lá no fundo, existia uma aldeia, a Aldeia da Fonte e o local onde a Maria vivia não tinha nome. Na aldeia sabiam que, no cimo daquela montanha, morava lá uma família numa única casa, pois, por vezes, desciam até à aldeia para vender e comprar alguns alimentos.

Maria nunca foi à aldeia, não ia à escola e não conhecia outras crianças. Na casa de Maria viviam cinco pessoas, a Maria, os seus pais e os avós. Apenas os pais e os avós conheciam a aldeia. Desde que Maria nasceu, os avós nunca mais voltaram à aldeia, apenas os seus pais iam, pois além de os avós já se sentirem cansados pela idade avançada, tinham de ficar em casa para ver de Maria. Não é que ficassem literalmente dentro de casa, Maria era uma menina criada no campo, passavam os dias na rua pois cultivavam imensos terrenos que tinham, mas tinha de ficar sempre alguém por ali para a alimentar. Quatro horas distanciavam a casa de Maria da aldeia, sempre que os pais saíam para ir à aldeia, passavam por lá a maior parte do dia, pois só no caminho ficavam oito horas, mais o tempo que demoravam por lá, era o dia inteiro. Maria não podia ficar sozinha, mas também não podia ir com eles, porque o caminho era muito difícil, e, além disso, os pais aproveitavam sempre para levar alguns alimentos que cultivavam para vender e, com o dinheiro conseguido, compravam outros alimentos que não tinham.

Maria era feliz. Ela não sabia o que era brincar com outros meninos nem o que era ir à escola, mas ainda assim, era feliz. Ela corria por entre as pedras com um dos cães da casa. Ela amava as cabras dos seus avós, principalmente quando surgia um novo membro do rebanho: um cabrito lindo! Amava flores, olhar para as nuvens e, à noite, contar estrelas. Eram tantas que Maria não conseguia. Embora não fosse à escola, Maria aprendera a contar. A sua avó, sempre que podia, ensinava-a a contar, fossem estrelas ou até mesmo feijões. Era o único que Maria tinha aprendido. Os seus avós não sabiam escrever e, os pais, sabiam, mas o tempo era muito pouco para que se dedicassem a Maria. Os terrenos eram imensos, necessitavam cultivar para comer e para poder vender. Maria já tinha quase dez anos e uma curiosidade imensa para aprender a ler e a escrever. Sempre que os pais iam à aldeia ela pedia um caderno e uma caneta. Mas o dinheiro era pouco...

Entretanto, chegou à aldeia um casal que viajava muito. Adoravam conhecer os locais mais escondidos e muita vez esquecidos. Era um casal conhecido por fazer longas caminhadas com o seu filho, o Pedro, de apenas sete anos. Naquela aldeia comeram um prato simples mas os alimentos era muito saborosos, batatas cozidas com cenoura e ovos. Tudo era delicioso e perguntaram o que faziam para que os alimentos por ali fossem tão bons, porque não era tempero, era tudo cozido em água apenas com sal. Foi aí que ficaram a saber que lá no alto da serra havia uma casinha de agricultores. Movidos pela curiosidade e pelo gosto de caminhar, decidiram subir a serra que lhes fora indicada. Não era difícil, segundo a orientação dada, era só seguir aquela estrada que apenas uma casa existia por lá.

No dia seguinte pela madrugada, fizeram-se à estrada, foram quatro horas sempre a subir com o pequeno Pedro. Chegaram e um dos cães deu conta, correu para ladrar numa tentativa de tirar aquelas pessoas dali e de avisar os seus donos, logo em seguida surgiram os restantes cães. O pai de Maria correu, pensando o que estariam aquelas pessoas ali a fazer. Acalmou os cães e levou as pessoas para casa. Ofereceu água e alguns alimentos. Ficaram muito orgulhosos pela motivo que os levou ali e confessou-lhes que foi a primeira vez que tal aconteceu. Maria chegou cheia de flores e conheceu aquela família que tinha acabado de subir. Maria nunca tinha visto uma criança e ficou sem saber o que dizer. Maria olhava para Pedro, uma pessoa pequena, ainda mais do que ela, já que havia uma diferença de quase três anos. Após alguma conversa entre os pais, decidiram ficar para o dia seguinte e conhecer um pouco mais daquele lugar que era magnífico. Maria e Pedro ficaram juntos enquanto os restantes foram ver os terrenos. Maria pensou que Pedro poderia ter um pedaço de papel e uma caneta. Pedro tinha sempre na sua mochila um caderno, pois adorava desenhar. Foi a oportunidade de Maria! Curiosa, Maria olhou para a mochila de Pedro e viu o caderno, num ápice perdeu a vergonha e o medo e, perguntou a Pedro se podia ver. Começou a falar, a falar e a falar. Explicou tudo a Pedro, o quanto ela queria um caderno, o quanto ela queria poder escrever, desenhar... Pegou no caderno de Pedro e viu os seus lindos desenhos, pareciam verdadeiros quadros, bem mais bonitos do que aqueles que tinha em casa. 

O resto desse dia e o seguinte foram em volta do caderno, Pedro mostrava como gostava de desenhar e Maria tentava fazer igual a Pedro, o desenho dela não ficava tão bonito mas para ela estava perfeito. Era aquilo que ela queria, o tão desejado caderno. Pedro, no pouco tempo que teve, ainda conseguiu ensinar algumas coisas a Maria, um pouco de tudo o que já havia aprendido na escola. A Maria estava fascinada e queria aprender mais e mais. Tanto os pais quanto os avós de Maria viam o brilho nos olhos dela, algo que nunca tinha acontecido antes. Maria era feliz dentro de tudo o que ela conhecia, mas podia ser ainda mais... muito mais. Foi ali que notaram que a estavam a privar de tudo.

Chegou o dia de partir, Pedro e os seus pais tinham de ir embora. O Pedro, gentilmente, deixou o seu caderno com a Maria e os pais dela prometeram que iriam ver como poderiam fazer para que ela fosse à escola.

Maria estava triste com a partida de Pedro, mas radiante por tudo aquilo que estava por vir.

Maria sempre foi feliz tendo em consideração o que ela conhecia, mas sabendo que havia mais, ela queria mais. 

Maria foi para a escola, conheceu novos meninos.

Maria conheceu uma nova realidade bem diferente da que tinha antes.

Maria foi feliz na sua terra sem nome, na Aldeia da Fonte e em qualquer lugar onde ela estivesse.

E o Pedro ficou para sempre a memória dela 

 

Esta é uma história totalmente criada por mim, sendo por isso da autoria deste blog. Qualquer semelhança com uma história real é pura coincidência, dado que não foi utilizada nenhuma fonte externa de inspiração.

Imagem de Mila Okta Safitri por Pixabay